A mitologia dos super-heróis em quadrinhos se funde com
a dos orixás, relacionando suas características comuns e formando uma terceira
entidade.
“Minha pesquisa passa por uma investigação do ser
humano, uma revelação dos seus desejos e de suas crenças. Tenho investigado a
religiosidade e o desejo humano no mundo contemporâneo, desta forma procuro
expressar uma fusão entre o sonho e a realidade, manifestando assim uma face
singular onde corpo e espírito se misturam. Mitos antepassados e contemporâneos
co-habitam o mesmo espaço sem distinção. As características de ambos se
misturam e se manifestam logo em seguida com uma identidade nova. Não imagino o
homem contemporâneo dissociado de sua identidade ancestral, nas raízes da raça
humana está a matriz africana com toda sua força, diversidade cultural e
religiosa, não entendo a força dos cultos africanos como algo ultrapassado, menor,
dispensável, pelo contrário procuro trazer à discussão os valores culturais
ancestrais como algo fundamental para compreender nosso contexto contemporâneo
sincretizado.”
Yuri Ferraz.
Proponho um duplo deslocamento, onde os super-heróis
saem do seu ambiente comum (as revistas em quadrinho) e os orixás da mesma
forma saem de seu ambiente natural (cultos religiosos) e os dois se encontram
num não local que defino como campo de amplidão, neste espaço criado há a fusão
entre os dois e surge uma nova mitologia com características próprias, e
singulares. Os super-heróis ganham uma carga de divindade e os Orixás se
aproximam dos humanos numa referência profana. Nesta nova mitologia, a biologia
e a religiosidade se fundem e estas entidades são tanto físicas quanto etéreas,
não se limitam a realidade humana ordinária e se deslocam entre o plano
material e não-material interagindo entre os dois mundos.
Salvador, 28 de outubro de 2011.
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